Ela caminhava descalça sentindo a umidade da relva e as folhas mortas, umedecidas pelo orvalho da manhã. Seguia em direção a floresta, lugar onde nem os mais corajosos caçadores se atreviam a entrar.
Naquela noite, havia dançado em volta de uma fogueira, bailava sensualmente com as chamas, sem que essas lhe queimassem a pele, as labaredas pareciam lamber seu corpo, algo de sexual encantando aquela cena. Só as feras da noite presenciaram isso, e a lua e as estrelas tambem foram sua platéia.
Cruzou por uma menina de capuz vermelhor, que ía para o outro lado da floresta. Ela sabia das coisas, tinha vislumbres do futuro, sabia que essa menina se tornaria mulher nas garras do lobo.
Ela caminhava serena sentindo o cheiro das ervas, das árvores centenárias, que sabiam segredos e sussurravam para ela, todas as histórias que se passaram na floresta. Enquanto caminhava deixou que seu vestido caísse, deslizasse até seus pés, ficando nua sem se importar com o frio daquela manhã.
Ela era um poema em movimento, era um sonho quente, uma promessa de amor.
Então, veio a névoa, rasteira com a respiração da floresta. A névoa subindo por suas pernas, envolvendo seu corpo, vestindo-a com sua magia.
Ela sumiu na névoa, inalcançável como a impossibilidade de um amor secreto, um amor de sonhos.
Reverendo Félix Fausto