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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Obediência, silêncio e castidade

Ann Demeulemeester Retrospective - StyleZeitgeist

Tu nunca vai ter paz
Na castidade
Pois teu nome é fogo
E tua alma é carne
Tudo em tua imagem
É um apelo
Um chamado para a luxúria
Todo o coração
Se inflama
Todo o sangue ferve
Quando deitas na cama
No teu banho solitário
Na banheira
Relicário
Do teu corpo de deusa.

Reverendo Félix Fausto


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Não me disseram

Não me disseram que te amar
Seria fácil
Rosa, de pétalas suaves
Escondendo espinhos
Todos os caminhos
Me levam para longe de ti
Não me disseram
Não me disseram que me faria sofrer
E querer mais, e mais
E querer mais desse doce sofrimento
Todas as tuas palavras
Me atingindo como pedras
Pedras que faço um altar
Para venerar minha amada algoz
Atroz é o destino que me aguarda
Longe do teu amor.


Reverendo Félix Fausto

Vírus

          Quando os rumores foram confirmados, as autoridades daqueles país emitiram boletins dizendo estar tudo sob controle. Comunistas são mentiroso notórios, jamais admitiriam o quantos a situação estava fora de controle. A maior população do planeta caindo feito moscas, e as e a reação global foi demorada. Nada de efetivo foi feito para conter o vírus que se alastrava.

        Houve pânico, saques e uma loucura que exponencialmente teve um efeito tão danoso quanto a praga. Exércitos foram as ruas, os mesmos tombaram sob o efeito devastador da doença. Quando profetas apocalípticos temia a justiça divina, e fatalistas temiam uma guerra de proporções mundiais, foi um vírus que dizimou a raça humana do planeta.

        Estranhamente sobrevivi. Talvez fosse mais uma piada de mal gosto de Deus para comigo. Meus dias não eram monótonos, tinha horrores de coisas para fazer. Me obriguei a aprender coisas que nunca me imaginei fazendo. Ví o mato tomando conta das ruas, florestas tomando o lugar das cidades. Andei pelado em shoppings, atirei em manequins nas vitrines, fiz tudo o que deu vontade.

     Mas chegou uma hora que a solidão apertou meu coração com uma mão fria, como a de um morto. E foi num fim de tarde, com um sol vermelho sangue sumindo no horizonte, que eu ví a mulher.

        Primeiro achei que era alucinação minha, ela estava saindo de um prédio, segurando alguns sacos, talvez fosse comida. Fiquei estático, sem saber o que fazer, até que ela acenou para mim. Respondi com outro aceno, e caminhamos um, na direção do outro.

       Outra piada de mal gosto, eu a conhecia. Quis Deus ou o destino, que a única mulher sobrevivente ao vírus fosse ela. A mulher mais irritante e inteligente que eu já havia encontrado na vida. E acho que nossas reações foram as mesmas com relação um ao outro. Houve um misto de desconforto e alegria. Conversamos, segurei as sacolas dela. Eram itens de higiene pessoal.

O destino da humanidade agora nas mãos de dois rabugentos e mal humorados, os novos Adão e Eva de um paraíso improvável.


                          Começo...


Reverendo Félix Fausto

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Inatingível

      Hordas invasoras pararam diante da grande muralha, cada rocha que compunha sua extensão infinita, uma barreira inexpugnável, arqueiros e espadachins do império chinês prontos para a luta, as hordas de mongóis avançaram. 
     Nórdicos intrépidos não se amedrontada ante os mistérios e a vastidão do oceano, a promessa de monstros marinhos, a revolta dos deuses e a solidão do mar não os fizeram desistir.
     O Everest estava lá, tempestades elétricas,  avalanches que se derramavam sobre os homens, como a fúria divina, sepultando-os no frio do esquecimento. Ainda assim os homens chegaram ao seu cume.
     Ela diz não, não e não. Mas aqueles olhos secretamente dizem sim, aquele corpo dissimula um sim, aquela boca insinua um sim.


Reverendo Félix Fausto

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

                       Fada Branca


            Ela chegou com cara de choro, claro que tinha chorado. Estava linda, mesmo com aquela cara. Seu perfume me baseou, caí de joelhos.

         Começou uma ladaínha sobre eu ser um canalha safado, e um milhão de outras coisas que eu já tinha escutado de ínumeras mulheres. Sou realmente um caso perdido. Mas eu amava ela, nem que fosse do meu jeito doentio. Sentamos na minha cama, aquele perfume gostoso dela outra vez me tirando do sério.

          Nos abraçamos deitados, passando a mão por seu corpo, percebi que ela não usava calcinha !!!
Puta, conhecia os meus fracos. Não demorou muito para o vestido estar na altura dos quadris, e eu chupando aquela buceta rosada, como se minha vida dependesse disso. Estava molhada, encharcada, bebi tudo, todo o caldinho gostoso daquela buceta.

         Ela era tudo, a minha fada branca, monstrinha paranóica, meu pau estava duro como uma barra de ferro, era assim que ela me deixava. Meti dentro dela, e bombei feito louco. Ela mexia frenéticamentr, me controlei para não gozar, derramar a leitada toda dentro dela. Ela era o tipo de mulher para foder pensando em boletos vencidos, era muito gostosa.

            A minha Fada Branca.


Reverendo Félix Fausto
               Beijo No Cinema

Nos meus sonhos
Planejei mil vezes aquele beijo
O macio daquela boca
A língua quente, me entorpecendo
Num desejo aprisionado
No meu coração
O perfume dela em mim
Um pouquinho dela para guardar
No relicário dos meus sentidos

Reverendo Félix Fausto

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Sinais

Basta olhar essa foto, os sinais todos ali
O olhar sorrateiro, com as profundezas da perdição
Diaba de alabastro
Em pensar que sonhei desvendar
Todas as delícias dessa tua carne
Os sinais todos nessa imagem
Eu queria essa boca gostosa
Sedenta da sanidade dos homens
Me emaranhar nessa cabeleira negra da noite
Ah, como fui ingênuo
Mas ingênuo e cego é o coração
Envenenado de amor.

Reverendo Felix Fausto

Cobra do Demônio

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Ah, cria do demônio 
Árvore que se quebra
Mas não se dobra
Rasteira feito cobra
Sempre imune
Às minhas artimanhas
Coração de ventania
Longe do meu alcance
Um romance
Impossível é o que parece
Os deuses surdos 
Às minhas preces
Te vejo fugir de mim
Ah, essa dor sem fim.

Reverendo Félix Fausto

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Outro dia

Outro dia
E nada para arriscar
Tentar ou desistir
Sorrir ou chorar
Apenas um outro dia
O sol ainda está lá
A minha apatia
Insiste em ficar
Todos os corações
Brinquedos para quebrar
As minhas emoções
Jamais irão durar
Mais um outro dia
E eu ainda não sei
O caminho de casa
O castelo onde sou rei.

Reverendo Félix Fausto

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Lua

Lua surda para os meus uivos
Lobo solitário desgarrado
Do teu amor
Me resta agora a face negra
Do teu desprezo
Silenciosamente procuro
Meu lugar no mundo
Nada mais é como antes
Somos um sonho de amantes
Que nunca se encontrarão
Ah, lua rainha do firmamento
Não me deixe sofrer no esquecimento.

Reverendo Félix Fausto