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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Pin-Up

Modelo pinup Suzy Azevedo, a garota Lollipop

           Paul rastejava na lama fria da trincheira entre corpos mutilados e companheiros agonizando. Não entendia como alguns romantizavam as guerras, não havia nada além de dor, morte e destruição.
           Só ele havia sobrado, seu instinto de sobrevivência e uma obstinação férrea o haviam trazido inteiro até então. Ah, e tinha também a Garota Lollipop, trazia consigo o recorte de um calendário, onde uma pin-up de faces rosadas e coxas grossas, passava a língua voluptuosamente num pirulito colorido.
               Paul havia prometido para sí mesmo que quando a guerra acabasse, e ele sobrevivesse, casaria com uma garota como aquela, teriam filhos, uma casinha num bairro tranquilo, com uma cerca branca e um lindo jardim.
       Mas agora, o que ele tinha eram somente os horrores de uma guerra que parecia não ter fim. As vezes ele tinha certeza de quê, todos os soldados de Hitler estavam ali, unicamente para acabar com o seu sonho da casar com a Garota Lollipop. As explosões faziam a terra tremer, seus pés e mãos doíam de frio. Rastejava segurando a metralhadora junto ao peito.
                Ouviu um som de vozes, a aspereza do idioma germânico, levantou a cabeça e viu cinco vultos se aproximando. Eram soldados alemães.
                Ficou quieto, tirou do bolso o recorte do calendário e suspirou apaixonado. Tinha a Garota Lollipop, ela era seu amor, sentia um arrepio quase adolescente ao olhar aquela foto. Envergonhado, recordou os momentos de masturbação solitária, segurando aquele recorte. Ele precisava manter-se vivo para a Garota Lollipop, aquele anjo de meias de seda e cinta-liga, os cabelos negros arrumados num penteado da moda, labios e unhas de um vermelho de sangue, a Garota Lolipop era tudo !!!
          Guardou carinhosamente o recorte no bolso, e preparou-se para o pior. No último instante teve uma ideia. Fingiu-se de morto. Estava frio e se conseguisse segurar a respiração, talvez is soldados inimigos simplesmente o deixassem em paz. Ficou imóvel quando eles chegaram.
Quando passaram, um deles voltou e começou a revistá-lo, à procura de cigarros. Vasculhou os bolsos de Paul, e achou o recorte, disse algo em alemão, riu alto e guardou no próprio bolso o recorte.
       Paul teve bons companheiros mortos naquela guerra, estava  longe de casa lutando a guerra de outros. Agora estavam levando a Garota Lollipop embora, sua Garota Lollipop, seu único e verdadeiro amor...
              Ergueu-se num salto. Sua metralhadora cuspiu fogo e chumbo aquecido, o alemão que havia levado a Garota Lollipop foi a primeiro a cair, os outros viraram atirando na direção dele. Paul correu na direção deles, mais dois deles caíram, Paul sentiu um estouro na altura do estômago, com a dor, deixou que sua metralhadora caísse. Sacou a pistola e acertou mais um soldado inimigo. Sentiu outro impacto, dessa vez na perna. O chucrute restante entrou em luta corporal com ele, Paul deixara cair sua pistola. Puxou sua faca e cravou no pescoço do soldado, ouviu sons de gorgorejo em sangue, deixou sua faca enterrada até o cabo na garganta do soldado inimigo.
Rastejou debilmente até onde estava o corpo do soldado que havia pego o recorte.
      Ficou ali, segurando o recorte, seu pequeno e único tesouro. A Garota Lollipop era dele novamente.
       Dias depois quando seu corpo foi encontrado, ainda segurava junto ao peito  o recorte do calendário da Garota Lollipop, seu único e verdadeiro amor.

Reverendo Felix Fausto

sábado, 28 de setembro de 2019

Sempre Aqui


Manhã fria
Com um sol que brilha
Sem calor
Nas minhas melhores lembranças
Você sorri de um jeito doido
De minisaia
E sem calcinha
Onde está a menina
Por quem eu me apaixonei ???
Não acabou
Mas pode ser um novo começo
Em caminhos diferentes
Você precisa se achar
E eu me curar
Mesmo indo
Você sempre estará aqui
No canto mais terno do meu coração.
Reverendo Felix Fausto

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Os Dias

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Os últimos dias
São como um sonho ruím
E eu não acordo
O universo me presenteia
Com o seu silêncio
O seu descaso
Bato em portas
Que não abrem
E das janelas
Um horizonte negro
É a vista
Os últimos dias
São frios e cinza
Um  véu de tristeza
Recobrindo meus olhos
Nos últimos dias.

Reverendo Felix Fausto

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Eu Sonho

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, árvore, atividades ao ar livre e natureza

Eu sonho com seu rosto
E o tempo inimigo
Eu não consigo deixar
De querer
Eu sonho com um tempo
De sonhos e eterna primavera
Das flores negras
No seu coração
Eu respiro sua magia
E a fragilidade
Dos nossos elos
Você é a lua
E o corvo
Nos ombros dos deuses
A chuva sussurra seu nome
Os ventos me trazem o seu perfume
E é seu
Meu coração de piche.


Reverendo Felix Fausto

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Diabinha

Ela tem os olhos frios
Como a pele de uma serpente
Seu coração queima
No mesmo fogo infernal
Onde ardem os pecados
Do mundo
Ela muda toda hora
Eu nunca sei com quem
Estou jogando
Baby Doll é o inferno
Baby Doll é o céu
Ela tem o mel
Nos lábios vermelhos
E veneno nas unhas
Sou um dos segredinhos dela
Ela estica suas pernas nervosas
Em sua cama, com seus bichinhos
De pelúcia
Todos somos seus bichinhos
No seu mundo.

Reverendo Felix Fausto

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Casa Fechada

Imagem relacionada

Não bata nessa porta
Ela não vai abrir
Os cômodos frios
Não abrigam nada
Além de solidão
É uma casa grande
Nada aconchegante
As paredes contam histórias
Que se perderam
Em dor, e desapego
Essa casa do jardim descuidado
Nada mais cresce
Ervas daninhas
Aninhadas nas pedras sujas
A pintura descascando
O amor morrendo
Na casa fria e velha
Chamada coração.


Reverendo Felix Fausto

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Baby Doll

       

           Olhar para Baby Doll, era como olhar para um mistério insolúvel, algo que se olhássemos por muito tempo, seriamos  consumidos por desejos secretos. inomináveis, quem sabe ???
           Ela talvez fosse uma menina presa num corpo de mulher, ou uma mulher aprisionada no corpo de uma menina. Era doce e também perigosa, tinha uma malícia envolta em trejeitos inocentes.
Adorava me contar suas coisas, seus pecados secretos. E acreditem, não eram poucos.
          Se dava o suficiente para mim, nem mais nem menos. Éramos parceiros numa vida de duplicidades, nossos segredos eram nossos. Era a minha Lolita proíbida, tinha um corpo esbelto, perfeito. Gostava de se mostrar, sempre em poses que variavam do inocente, ao sensual. Ela conhecia as próprias armas, e sabia como usá-las.
          Minha Baby Doll.

Reverendo Felix Fausto

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Cansado

             Esnerto Cabron estava cansado. Como há muito tempo não se sentia, a vontade que tinha era de sentar- se à beira do caminho, e ver o que íria acontecer.

        Tinha uma vida dupla, e isso exauria suas forças, sua saúde psicológica e espiritual pareciam afetadas. Vivia num mundo como o de Alice, só que mais sombrio. Um mundo onde caminhava lado à lado com Elementais, bruxas, fadas, loucas e deusas vingativas e cada uma delas donas de um pedaço dele.

                 Mas pela primeira vez em anos, ele sentia-se velho.

        Queria deitar no chão e deixar tudo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Setores

 Claro que não costumo falar sobre meus sentimentos.
 Faço do jeito que fui ensinado à fazer, simplesmente ignoro, ou arquivo na minha mente no "Setor   De Coisas À Resolver Futuramente" .
 Tá bom, é um erro, mas todo o homem que é homem faz assim !!!
 O grande problema de agir dessa maneira, é que isso acaba indo para o "Setor De Frustrações", onde um burocrata mau humorado não sabe exatamente como fazer para resolver isso, e arquiva tudo numa pasta no setor de "Explosões De Raivas Futuras".
 O setor de " Explosões De Raivas Futuras" sempre me trouxe problemas, tenho absoluta certeza de que tudo o que está arquivado nesse setor, quando vem à tona, me garante a fama de maluco !!! Mas estou no lucro, conheço pessoas que do "Setor De Frustrações" os problemas delas nem passam pelo "Setor Explosões De Raivas Futuras" vai tudo direto para o "Setor De Doenças Psicosomáticas" e daí vira câncer e outras bostas !!!

domingo, 15 de setembro de 2019

A Lua

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Vai pra rua
Vai lá fora olhar a lua
De onde vem teu encanto
Única num céu majestoso
Lobos saúdam num canto
De amor à lua brilhante
Ornando um firmamento
Alucinante
Tão vasto e cheio de mistérios
Vai pra rua
Olha a lua que é tua
Tão bela no céu noturno
Soturno
Meu coração se alegra
Com o astro tão lindo na noite
Inspirando minha pretenção de poeta
Lua repleta de amores
Do alto cura minhas dores
E sussurra teu nome
Em meus sonhos.
Reverendo Felix Fausto

Domingo


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Ela não gosta dos domingos
Quando a ansiedade
Invade seus pensamentos
E a saudade esfria seu coração
Não era para ser assim
Porque eu penso nela
Com todo o meu amor
Sinto seu perfume
Sua presença
Tenho a crença que um dia
Seremos só eu e ela
Eu tenho na memória
Dos meus dedos
A maciez da pele dela
E a doçura do seu riso
Acariciando meus ouvidos
Meu amor,
O domingo logo acaba
Não sofra
Te prometo uma semana
De beijos
De sonhos
E amor.
Reverendo Felix Fausto

sábado, 14 de setembro de 2019

Ranço

No dia mais frio, no inverno dentro de mim. Um floco de neve chamado ranço, desceu colina abaixo, como uma pequena bola.

        Essa bola de neve chamada ranço, aumentou ganhando proporções gigantescas, à medida em que rolava a colina. Uma avalanche que esmagava afeições e amizades, arrastando para o frio do descaso, o que algum dia já teve alguma relevância.

                 No caminho, nada foi poupado e o frio tumular e glacial da avalanche não deixou que nada ficasse inteiro.

Reverendo Felix Fausto.
        

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Chata

          Juro que no ínicio era até engraçado, charmoso eu diria sobre todo o mau humor dela. Tinha sempre uma frase que eu achava ser espirituosa sobre diversas situações.

Era de certa forma popular, conhecia um monte de gente. Não parava nos empregos que arrumava, sempre tinha uma colega qua a importunava, era de certa forma uma solitária na multidão.

               Mas daí eu comecei à prestar atenção nos detalhes do seu comportamento, sempre os malditos detalhes, e é aí que o diabo mora. Nos detalhes.

                    Namorado algum ficava muito tempo com ela. Talvez o tempo de ganhar uma chupada e só. Logo sumiam e ela não sabia o porquê.

      Mas eu sabia. Ela era chata,  só isso !!! Reclamava de tudo, e quando não tinha um motivo real para isso, ela inventava um. Ou, simplesmente esmíuçava uma situação corriqueira, para achar o que reclamar.

                 Acabaria sozinha, como a velha dos gatos, a maluca da rua. Acabaria seus dias sozinha, tão certo quanto o nascer e o morrer do sol.

Reverendo Felix Fausto

Decepcionada

             "Não é nada !!!"-Nunca é, mas quando elas dizem isso você pode ter feito algo imperdoável no universo delas. Algo tão horrivel quanto abraçar a própria mãe de pau duro !!!

           E aí você começa a vasculhar as últimas conversas e o menor dos seus atos tentando entender, o que foi que fez de tão grave. Pode ter deixado escapar algo, um comentário que por mais trivial e inocente que seja, mas nas idéias delas pode ter sido a prova de umas das muitas suspeitas infundadas que ela nutrem, vão criando, feito um cãozinho que depois ganha as proporçõesde um lobo faminto.

         "Estou decepcionada !!!" Essa sem sombra de dúvida é a pior. Todo o universo masculino desaba ante essa afirmação delas, esse desabafo que nos consome numa culpa, que nem temos certeza de termos, é horrivel!!! Antes elas explodirem em fúria incontrolável, jogar sapatos de mortais saltos agulha, esbravejar, qualquer outra coisa mais contundente que explique o mal humor delas.

              Mas não, as desgraçadas sabem do efeito que um " Estou decepcionada " tem sobre nossas pobres almas.

Reverendo Felix Fausto

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Pentecostes

                     Ante a ousadia do homem em criar uma torre que atingisse os céus, Deus fez com que os homens que até então falavam um único idioma, não se entendessem mais.

                           Quando deixaram de se entender um caos se instalou, gritaram, escabelaram, choraram e riram ao mesmo tempo, uma catarse e histeria coletiva.

                       Ao lado da minha casa tem uma igreja pentecostal.

      Eles gritam, e quero que gritem bem alto, o mais alto que eles conseguirem. Até seus pulmões explodirem e suas gargantas sangrarem. Gritem, porque Deus é surdo mesmo, ou simplesmente não está nem aí. Alheio aos seu medos, surdo para as suas dúvidas, um Deus que deixou de ser colérico por não se importar mais.

             Não virá dilúvio e nem fogo dos céus, os anjos vingadores estão de folga e Deus em silêncio.

Reverendo Felix Fausto

Vegano

                          Laurí reciclava seu lixo e não comprava nenhum produto de higiene pessoal que fosse testado em animais. Também não comia carne e urinava sempre durante o banho, para economizar a água da descarga.

                   Laurí tinha um forte engajamento em causas ecológicas, até pagava uma mensalidade para ajudar o Greenlife, uma ong que atuava para o bem estar do planeta. Nas férias resolveu acampar, não pensou num camping, mas no mato mesmo, mato fechado.

             O plano era entrar em total comunhão com a mãe natureza, abraçar sua beleza e mistério.

                     Juntou o que precisava numa mochila e foi para a sua aventura. Foi para o interior, escolheu um local conhecido por seu dificil acesso e distância. Quênions e mato fechado, perfeito. Como ele queria. Caminhar naquela floresta íngreme era mortal, raízes num emaranhado perfeito para se tropeçar, animais peçonhentos e rastejantes pareciam espreitá-lo. Mas Laurí não desanimou, seguiu em frente.

         Quando anoiteceu acendeu uma fogueira e fez sua refeição. Olhou para um céu que, sem as luzes da cidade, realçavam as estrelas. Os mosquitos eram terriveis, pareciam ter o tamanho de beija-flores, suas picadas eram doloridas e os zumbidos de enlouquecer. O repelente natural, caríssimo, de nada adiantou.

                           Percebeu que durante a noite a floresta ganha vida, torna-se uma entidade cheia de olhos e sons assustadores, algo furtivo e mal. Algo rugiu na noite. "Um urso", pensou Lauri, e correu na noite escura temendo por sua vida.

                   Correu, e correu sem ter uma direção em mente, pensava somente em escapar. Correu desesperado pelo terreno irregular até não sentir mais o chão. Era um barranco. Caíu em queda livre até sentir o solo novamente. E depois do solo, não sentiu mais nada. Havia partido a coluna, não sentia nada abaixo do pescoço.

                Laurí estava sozinho no ermo da floresta, levou alguns dias para que morresse, insetos e animais da flotesta alimentaram-se dele, ele que não comia carne em respeito a natureza, entendeu que a flora e a fauna se nutriria da carne dele. Tudo muito estúpido no final.

Reverendo Felix Fausto

domingo, 8 de setembro de 2019

O Vigia parte X

Todos experimentaram um momento de horror e pânico, a cabeça decepada de Crispin encarava os presentes com olhos opacos, sem vida. Houve uma gritaria e Felix tentou forçar as cordas que o prendiam. -Oliveira, Oliveira !?- Chamou Balthazar..
                  
                   A porta então abriu de sopetão e o Oliveira entrou com uma expressão de agonia no rosto, os olhos estalados e a boca arreganhada. Segurava algo, eram suas entranhas, escorrendo para fora feito serpentinas sangrentas. Caiu morto no chão. Tolledo e o capanga restante correram para fechar a porta. - Droga, ela está fora de controle ! -Gritou Tolledo trancando a porta.

                         Felix estava morrendo de medo, o sangue do Oliveira se espalhava pelo chão molhando seus sapatos. Tolledo aproximou-se dele e com a faca cortou as cordas que o prendiam. Sacou a arma e apontou para a sua cabeça. Felix ficou sem entender. -Levante, tu vai lá pra fora !!!- Disse ele. Felix olhava para a pistola apontada para a sua testa. -Lúcio abre a porta ! - Ordenou ele. Lucio abriu a porta e Felix foi empurrado para fora, a porta se fechou assim que ele saiu. Seus pulsos doíam por causa das amarras. Tropeçou em algo e caíu, era o corpo decaptado de Crispin, levantou-se e olhou em volta. A noite era iluminada unicamente pelos relâmpagos, a água da chuva deixavam seus olhos ardendo.

                             Em meio ao barulho da chuva conseguiu distinguir um rosnado ameaçador, seu coração disparou, foi então que ela surgiu, a água da chuva não havia lavado o sangue do seu vestido. Os braços nús, suas mãos crispadas como garras e um pequeno filete de sangue escorria dos seus lábios.
Os negros cabelos escorridos realçavam sua aparência felina, predatória.
              
                             Então ela encolheu-se feito uma mola, pronta para saltar na direção de Felix. Um estrondo forte, não de um trovão, mas de um disparo. O peito dela irrompeu numa explosão de sangue fazendo com que ela caísse no chão.

                     Felix olhou e viu Sil e Cabral parados à uma pequena distância, Sil ainda segurava a arma com o cano fumegante, Cabral ao lado dela segurava o rifle, era a cavalaria, como nos filmes, quase sempre atrasada. Felix correu para junto deles. Meia hora antes contrariando as ordens de ficar em sua casa, Cabral havia decidido ir atrás deles, encontrara Sil desacordada dentro do carro, estava com uma dor de cabeça mortal, mas estava viva. Então Balthazar, Tolledo e Lúcio saíram de dentro da guarita. Os dois últimos armados.

                              Cabral atirou, não pensou duas vezes. Acertou Lúcio na cabeça, caíu morto. Tudo acontecia muito rápido, Tolledo acertara Cabral duas vezes, no peito e no braço. Cabral caiu de joelhos, e depois tombou por completo. Em meio à todo aquele caos de tiros e morte, Sil percebeu que a criatura havia sumido, e isso certamente era um grande problema. Felix juntou o rifle junto ao corpo sem vida de Cabral e atirou duas vezes, acertou Tolledo no ombro esquerdo que cambaleou, a outra bala acertou a parede da guarita arrancando pedaços do reboco.

             Tolledo aprumou-se e atirou, Sil sentiu a bala passar rente a sua cabeça, ela revidou e foi certeira. Tolledo tombou com um tiro no pescoço. Balthazar aproveitou a confusão e saiu correndo.
-Ela vai fugir !- Gritou Sil atirando, mas errou.
- Não importa, ele não vai longe ! -Respondeu Felix. Então entrou na guarita e pegou uma garrafa de querosene que tinha embaixo da pia. Sil o seguia, entraram no barracão e Felix juntou os trapos ímundos derramou querosene e ateou fogo, acendendo com um isqueiro.
Saíram e o fogo alastrou-se rapidamente, ficaram esperando que talvez ela estivesse lá dentro. Mas nada, as chamas apesar da chuva consumiam todo o barracão.

                   Nada aconteceu, nem sinal dela, ou de Balthazar. Foram até a casa principal e fizeram o mesmo. O fogo pegou fácil na mobilia seca. A fumaça fazia com que seus olhos ardessem e Sil teve um acesso de tosse. Ouviram um grito, era Balthazar. Correram em direção aos gritos e encontraram Balthazar caído sob os pés da criatura. A cabeça quase que totalmente separada do corpo, e seu braço direito havia sido arrancado. Ela ficou encarando eles, nem sinal do ferimento em seu peito. A chuva começava a parar e logo não tardaria a amanhecer.

                    Sil e Felix apontaram suas armas na direção dela. Não estava longe, e ela avançou na direção deles. Atiraram, sem efeito. Sil foi a primeira a ser atacada, os dentes da criatura cravaram fundo em seu ombro. Felix atirou novamente, desta vez acertou. A criatura caíu no chão, Sil levantou-se auxiliada por Felix. - Vamos saír daqui ! - Disse ele. Correram deixando a vampira para trás, Sil sentia o sangue escorrer do ferimento.

                     Então vindo do alto a criatura caíu de pé na frente deles, barrando a passagem. Sil levou um murro tão forte que foi jogada para longe, Felix tentou atirar novamente, mas estava sem munição. A criatura segurou sua cabeça com ambas as mãos, e numa torção rápida quebrou-lhe o pescoço, fazendo se ouvir um estalo seco. Sil gritou e quando o monstro virou para ela, Sil atravessara seu peito com um pedaço de madeira, usando- o como uma estaca. Os olhos da criatura ganharam um aspecto humano, e ela desabou lentamente com o corpo se desfazendo em cinzas.

        Ouviu-se um último relâmpago. Sil foi embora dali.

      Alguns dias se passaram. Sil fugira da cidade com algumas economias que tinha, seu ferimento havia sido tratado por uma amiga que era enfermeira, não havia procurado um hospital, sua situação exigia alguma discrição. O ferimento demorou, mas cicatrizou. Sil estava diferente, estava sensível à luz do sol. Não sentia fome, qualquer tipo de comida a nauseava e agora ela podia jurar que sentia o cheiro do sangue das pessoas...

                         FIM

          
           

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Múltiplas



Uma gosta de bichinhos
Desses verdes,
Que comem couve
Que de feínhos transmutam
Em borboletas bonitas
Outra é ligeiramente
Esquisita,
Gosta de astronomia
Ela tem alegria das descobertas
As vezes são tão incertas
Suas atitudes
Outra um verdadeiro mistério
Humor de gótica
De cemitério
Mas se olhar bem no fundo
Ela é um mundo
De coisas e pessoas
Todas são lindas
E ela sabe disso
Ela é um feitiço
Para os olhos
Ela é doce, sal e pimenta
A malandra que tenta sempre
Um jeito de me cativar.

Reverendo Felix Fausto
Para Mari Garcia

Me Ame

Me ame só um pouquinho
O suficiente, pra não me sentir solitario
E um tantinho, pra não me achar grande coisa.

Reverendo Felix Fausto

Lobo - por Oráculo

Imagem relacionada

"Lobo
Como um grande predador
Tu caças
A tua caça
E não será uma coleira
Que te romperá esse espírito
Animal selvagem
Quem galopará teu lombo?
Talvez a leveza da Bruxa
Que na vassoura flutua
Correndo ao teu lado
Como dois depravados
Só a Lua entende
Vestiremos as peles
Um do outro
Entre uivos e gemidos
A floresta se cala
Pra ouvir tua gala
Ao meu pé do ouvido."


Oráculo - 03/09/2019

Lobo

       Imagem relacionada

       Meu destino é de lobo, não de cachorro gregário. Nem o amor e nem o desejo me adestrarão, pois reneguei a matilha, assim como todas as regras.
      Sirvo somente à obscuros propósitos, e louvo o vento e a vastidão, e a solidão minha fiel amante.
      Tuas correntes e coleiras jamais irão me prender, domam-se os leões, ursos e tigres.
      Nunca os lobos, não somos animais de circo, de um picadeiro de ilusões.


Reverendo Felix Fausto

Vai

Vai
Vai correr mundo e amores
Procurar em outros braços
O que não tens nos meus
Vai saciar em outras bocas
Tua sede de amor
Vai
Vai, já que só conto mentiras
E sou tão falso
Quanto uma nota de R$3,00
E não sirvo mais
Com os meus carinhos
E nossos caminhos
Agora se bifurcam
Vai
Vai ser feliz do jeito que quiser
Quem sabe o universo
Te faça com outro alguém
Feliz, mais plena
Saio de cena
E seja o que Satã quiser.

Reverendo Felix Fausto

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Só Chamar

Irei como um cão
Faminto
Um solitário
carente da tua atenção
Um viciado
Dependente do teu carinho
Um andarilho
Precisando de um caminho
É só chamar
Atenderei teu chamado
Uma divina obrigação
Uma peregrinação
De amor
E adoração
É só chamar.

Reverendo Felix Fausto

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

No Espelho

Ela é sempre linda
Ainda tem o frescor
Da juventude
Com amor
Observo suas mais simples
Atitudes
Em frente ao espelho
Reflexos vermelhos
Em seus cabelos compridos
Nos lábios
Um riso atrevido
À me desafiar
Ela é o meu sonho
De amor e desejo
Olho e vejo
A mesma garota de tempos atrás
Ela é a fúria, minha guerra e paz.

Reverendo Felix Fausto

Potra

Potra indomada
Quero puxar tuas crinas
E cavalgar teu lombo
Não importa o tombo
Que eu levar
Na fúria do teu galope
Anseio por ser
Um domador à altura
De refrear teus desejos
E teu amor
Tua loucura
Na firmeza da minha mão
Gazela solta, livre
Nos campos dos meus desejos
Em teus olhos
Um lampejo selvagem
Que não defino
De caçador à menino
Tudo acontece comigo
Diante desse enigma
Em forma de mulher.

Reverendo Felix Fausto