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terça-feira, 26 de novembro de 2019

Não Importa Mais

O tempo me ensinou algo ?
Não.
Eu queria estar lá, e não aqui.
Talvez.
Arrependimentos me corroem ?
Não sei.
Eu andei com cuidado por onde passei ?
Não.
Fiz algo de bom ?
Quando me interessava.
Era amor que me queimava ?
Era medo.

Reverendo Felix Fausto

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

A Assombração

          Eu estava trabalhando, ou melhor, tentando trabalhar. Ela havia chegado fazendo o espalhafato de sempre, rindo alto de um jeito estridente, aquilo me irritava, se parava bem na minha frente me olhando, eu não tinha como evitá-la.

       Continuei na minha rotina fazendo o possivel para não tomar conhecimento da existência dela. Ela estava sempre me olhando, a possibilidade de ela estar me imaginando nu me causava asco, ela era doente, e gorda, muito gorda !!!

                    Tinha sempre uns assuntos ínuteis, ela era uma criatura inútil, feito água de xuxu, que não servia para nada. E toda a vez que eu me virava ela estava comendo, comendo e me olhando. Era horrivel, ví ela dar cabo de hot dogs, batatas fritas, churros e pizzas, sempre ruminando algo.
   
           Não era nem fome, era glutonice, ou uma fome qua talvez desse sentido à sua existência. Uma ansiedade avassaldora que só ela conhecia. Mas não me interesava, eu não gostava dela. Se eu desse sorte, ela acabaria feito a Mama Cass, morreria engasgada com um sanduiche de frango.

Reverendo Felix Fausto

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Magnólia

 Era um dos dias mais quentes do ano, e nem era verão ainda, talvez uma amostra dos dias infernais que estavam por vir. Um sol inclemente estorricava tudo o que encontrava no caminho, daquele calor incômodo que faz as bolas do cara grudarem nas coxas.
              
          Então Magnólia chegou, usava um vestido de alças muito justo e comprido, que valoriza seus seios enormes, e suas curvas. Toda pequena, tipo mignon, usava um óculos de sol extravagante e uma pequena sombrinha para se proteger do sol. De longe sacou do seu sorriso de Coringa, aquilo sempre me ganhava, seus olhos tinham um brilho inteligente.

            Toda esbaforida me abraçou e me  beijou, senti seus seios contra o meu peito, eram macios e fartos, fazendo justiça à sua " italianice ". Sentamos, me entregou uma flor de alfazema, pediu que eu cheirasse, riu e me chamou de bobo, por ter cheirado a flor, e não as folhas.

       Magnólia era um tipo única, tinha o dom de instigar as pessoas, assuntos com ela fluíam de uma forma gostosa, era louca, alguns diziam, eu achava ela única, original, num mundo onde a futilidade imperava, e o status quo era a razura de idéias, ela realmente era especial.

         Reclamou do calor, comentei sobre estar com um  vestido tão longo e justo e ela disse:
- Mas estou sem calcinha ! -Meu olhar incrédulo fez com que ela me ordenasse: 
- Passa a mão aqui !- Passei a mão em seus quadris, ela era toda macia, não senti sua calcinha, o que me inquietou, mas Magnólia era assim, provocadora. Quase sempre estávamos fazendo nossos jogos.

         As vezes ela era cativantemente irritante, de um jeito que só ela sabia ser. Contou sobre um amante que pediu para vestir suas meias de nylon, e que tinha achado aquilo genial, falou sobre tatuar " Espanque-me " nas costas, e falou, e falou, as horas passaram, sem que percebessemos e havia uma magia em tudo ali. Assim era Magnólia.

Reverendo Felix Fausto

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Bucetão

-Cara, o Dionisio comeu a Bya !- Disse o Pretto entornando o caneco de chope. A revelação não acrescentava nada do que eu já soubesse à respeito da Bya.

-Irmão, só eu não comi a Bya, o que tem de novidade o Dionisio ter comido ela ?- Perguntei sem muito interesse, molhei minha garganta com um gole de chope também. O bar estava repleto dos esquisitos de sempre. Pretto deu um sorriso maroto e continuou:
-Ele disse que a camisinha ficou dentro dela, mas ele ficou constrangido em falar, daí ficou quieto, mas o mais engraçado é que ela ligou dois dias depois dizendo que havia colocado a camisinha pra fora !!!

            Explodimos numa gargalhada, todos no bar olharam para nós. Cheguei a me afogar com o meu chope.

-Que bucetão tem essa mulher !- Falei e ainda lembrei daquela piada do filme O Predador, em que um personagem conta ao outro sobre ter conhecido uma mulher, que tinha a buceta tão grande que fazia eco, ao falar perto dela. Rimos mais uma vez. 

- Mas tem outra forma de ver essa situação, ou a "casa" é grande, ou a "mobilia" que é pequena !- Falei. Rimos novamente. Falamos mais um monte de bobagens de cunho sexual e fomos embora horas depois.

                Fiquei pensando, mulheres engolem tudo, foram feitas para " engolir ", quem sabe num sentido mais amplo, engolem nossos paus, dinheiro, sonhos e nossa sanidade. Tristes vítimas somos nós, engolidos sem piedade, e ainda nutrimos a falsa idéia de estarmos sobre o controle das nossas ações, talvez a morte seja um grande bucetão, como a da Bya, nos engolindo no final.

Reverendo Felix Fausto

Loira Homicida

A loira quase sempre era uma tempestade. Passional e louca de dar nó, tinha dias em que eu pensava em sair correndo, sem olhar para trás, isso mesmo.

          Ela era manhosa, esperta como o diabo, curvas onde eu me perderia e não estaria preocupado em me achar. Eu só queria ela em toda a sua plenitude. Ela era a minha " monstrinha " e eu mimava a criaturinha que era meu inicio e fim, minha obra-prima de loucura.

          Bastava ela me tocar, e uma eletricidade, me eriçava os pêlos e eu não pensava em mais nada direito. A prioridade era morrer de amor naqueles braços, e me nutrir daqueles beijos, talvez meu maior erro tenha sido deixar ela tomar conhecimento disso.

      A loira homicida, me mataria de tanto amor.

Reverendo Felix Fausto

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

A Mais Fiel Das Amantes

  Esnerto Cabron gostava de ficar sozinho. Entendia que a solidão era a mais fiel das amantes, pois nunca o abandonava. Independente de todas as companhias que ele tivesse, sentia-se sempre solitário.

                       Solitário na multidão, solitário na vida social e conjugal. A solidão era assim, democrática, pois à todos acolhia, sem distinção de classe social, raça, ou credo. Mas a solidão era também dele, só dele.

                      Mas Esnerto Cabron não se abalava com isso, ele até gostava, tinha a necessidade dela. Da introspecção, do autoconhecimento que a solidão oferecia. Estar sozinho, era estar consigo mesmo, e Esnerto gostava da própria companhia.

             Ah, e que amante dedicada era a solidão, estava alí, sempre à mão, sempre pronta para atender seus desejos e anseios. E Esnerto não exigia muito dela, nada além da oportunidade de olhar para dentro do próprio coração.

                  Esnerto aceitava a solidão, assim como aceitava a morte. O homem criou Deus e a vida após a morte, por medo da solidão, abusos são tolerados, por medo da solidão. Aceitar a solidão, é dizer não à todo o tipo de sofrimento.

Reverendo Felix Fausto

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Silêncio

Nunca mais
Segredos compartilhados
Mistérios do universo
Debatidos
Dois corações tão envolvidos
Além do espaço-tempo
Parece que nem o vento
Me sussurra respostas
O que me resta é o silêncio
E uma felicidade
Que jamais voltarei a ter,
Isso é morrer
Lentamente
É o castigo de Prometeu
Uma dor que se regenera
Diariamente.

Reverendo Felix Fausto

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Overdose

Essa boca
Cálice dos prazeres
Que vinho, que néctar
Sorvido desses lábios
Todos os meus vícios
Saciados nessa boca divina
Mas também todos
Os venenos mortais
De sedução
Me prostram
Te amando mais.

Para Silviane Sebold
A Fada Branca