Eu estava sentado contemplando a folha em branco na máquina de escrever, sem a menor inspiração. Sentindo-me frustrado.
Então a ela entrou feito um furacão, a porta escancarou-se num estrondo, que tenho certeza de que os vizinhos ouviram.
-Que porra é essa ?- Perguntou, reconhecí de imediato a caixa de sapato que ela tinha nas mãos. Estava furiosa, ela tinha encontrado a caixa onde eu gardava minha coleção de calcinhas, eram os espolios de guerras amorosas, troféus das minhas conquistas amorosas que eu secretamente guardava no fundo do roupeiro.
-Não acredito, devassando minhas coisas de novo ?- Antes de me responder ela virou o conteudo da caixa sobre a mesa.
Estavam ali uma variedade enorme de lingeries.uma branquinha de algodão, cheia de patinhos. Uma vermelha com rendas, que deveria ter custado muito, uma lilás, daquelas de "puta pobre", outra com um ziper estratégico, para as mais ousadas.
Mas predominava o preto, muitas calcinhas pretas, parecia ser a preferência.
-Seu tarado, isso é lembrança das tuas vadias ?- Os olhos azuis injetados de ódio, ela era o retrato da morte, da minha morte.
Me senti ofendido, não eram vadias, talvez uma, ou outra. Mas não no geral.
Respirei fundo pensando num jeito de acalma-la.
-Não tem uma calcinha minha aqui, por que, não sou digna ???- Perguntou irônica. Então puxei da gaveta da escrivaninha, um pequeno baúzinho de madeira, ricamente entalhado com flores coloridas pintadas manualmente.
Ela sem entender abriu o bauzinho, e dentro estava uma tanguinha dela, que ela estava usando na nossa primeira vez.
Um sorriso brotou em seu rosto de orelha à orelha, a fera havia sido acalmada.
Naquela noite, o sexo foi épico.
Reverendo Felix Fausto
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