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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A Casa Da Solidão Eterna - Parte Dois

                   O tempo pareceu interminável na velha adega junto com a gata Shabbath, com as roupas encharcadas pela chuva, a sensação de frio absoluto naquele recinto úmido era intensa. Aqueci meu corpo bebendo algumas garrafas de vinho.

          O sono veio, cheio de sonhos obscuros com as coisas do lago.

               Acordei com a gata me lambendo o rosto. Não tinha idéia de que horas eram, tateei no escuro até chegar a pesada porta, que abri com alguma dificuldade.

            Shabbath correu escadas acima, na peculiar agilidade dos felinos. A luz do sol entrava pelas amplas janelas gradeadas, no salão principal vi  que a porta não havia sido aberta. As coisas infernais não invadiram a casa.

        Na mesa da cozinha, meu desjejum estava servido. Não sentia fome, "Quem havia feito o meu cafe ?"

Era a pergunta que eu temia a resposta, serviçais silenciosos, que em todo o meu tempo naquela enorme mansão, jamais eu havia encontrado uma outra alma, que não fosse a gata Shabbath.

         Ainda assim, servi para mim mesmo, uma fumegante xicara de chá, cortei um pedaço de presunto, e joguei para Shabbath, que se enroscava na minha perna.

       Agradecida, ela devorou o pedaço de presunto.

        Pelo resto da manhã procurei armas pela casa, achei um pesado sabre nautico, afiado como uma navalha. Vasculhei por vários cômodos, numa escrivaninha achei um colt, e munição.

          Armado e municiado, e protegido pela luz do dia, fui para fora da casa.

       Para minha surpresa, haviam pegadas por toda a parte, começavam no lago, e íam até a porta. Então não havia sido uma ilusão minha, uma miragem. Aquele insólito episódio realmente acontecera.

         Um vento frio soprou da floresta indo em direção ao lago. Como se fosse um bafejo gélido de morte.

      As superficie do lago ficou subtamente agitada.

      Então, uma profusão de tenáculos sairam de dentro do lago, agitando-se frenéticamente como serpentes atiradas ao fogo, algumas cobriam uma distância muito grande, e vinham em minha direção.

         Saquei o sabre, e decepei pelo menos três daqueles tentáculos, que cairam se contorcendo no chão barrento. Uma criatura, que era um misto de polvo e caraguejo, emergiu do lago.

       A boca escancarada e gosmenta, espalhando um hálito de carne putrafata urrou, atordoando meus ouvidos.

      Descarreguei o colt no monstro que submergiu deixando uma mancha negra na superficie do lago. Não senti medo, mas a necessidade de respostas.


CONTINUA...

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