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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Infernal

            Quando eu morrer, certamente meu inferno particular vai ser uma praia. Possivelmente será Cidreira.

       Gordas refesteladas ao sol parecendo cachalotes encalhados na areia, cada retirada de saída de banho descortinava um show de horrores. Pelancas, dobras onde a luz do sol, e nem água e sabonete jamais haviam marcado presença.

       Uma confusão de funks, sertanejos e pagodes torturavam meus ouvidos, ao meu lado um sujeito fazia a corte tentando chamar a atenção de umas garotas.

       Dançava feito um flamingo, mas sem a nobreza e a altivez dessa ave.

      Na verdade o nariz parecia o bico de um flamingo, um flamingo desajeitado. Estufava o peito e estendia os braços ao som de uma música muito ruím.

     Uma estranha dança de suposta sedução. Não gosto de praia, não por que era Cidreira, meus desgosto seria o mesmo na Riviera Francesa, ou qualquer praia sofisticada em qualquer parte do mundo.

      Crianças correndo, crianças chorando, mães gritando querendo saber onde o Wesley Rodrigo, ou a Katiele Sabrina estavam.

   Tudo o que eu queria era que o Leviatã biblico emergisse das águas, e com seus gigantescos tentáculos arrastasse para o gundo do oceano aquela fauna infernal.


ReverendoFelix Fausto

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