Nada além da brisa fria da floresta cobria o corpo da bruxa quando eu a encontrei.
Caminhava lentamente com seus pés descalços amassando as folhas ressequidas do chão.
Talvez sentindo minha presença a bruxa começou a dançar de forma sensual,prestando honras aos deuses antes dos deuses,o carvalho,às pedras,ao rio e à tempestade.
Sortilégio era aquela pele branca,a tez de pêssego que eu jamais tocaria e aqueles cabelos negros,o negrume roubado das noites sem lua.
A bruxa era única,quem sabe a última de sua espécie,remanescente de um tempo onde o sagrado entre suas pernas regessem o universo.
Para a minha doença a bruxa disse:
-Mangrágora,Belladona,moedas que pagam o barqueiro,pétalas de rosas negras,o último suspiro de um suícida e três moedas do bolso de um enforcado...-E sumiu na noite da floresta.
Onde encontraria tais ingredientes,quando me bastaria apenas um beijo daquela boca de perdição.
Trecho do conto A Bruxa
Reverendo Felix Fausto
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