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sábado, 31 de agosto de 2019

Apenas Faço

Eu não sei
Porque eu faço
As coisas que eu faço
Não são as vozes
Na minha cabeça
Ou meu coração impetuoso
Tortuoso é o caminho
Por onde sigo
Algo muito antigo
Me faz ser assim
Quem segue comigo
Tem que estar disposto
À sangrar também
Não sou dono
De ninguém
E não quero ser controlado também

Reverendo Felix Fausto

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Vem comigo...

Quantas mais dentro de você?
Criatura estilhaçada
Um livro de infinitos capítulos
Não revelam todos
Os teus segredos
Porquê não me conta
Que fogo
Acende teu tesão
Que calor
Não conforta tua solidão
Ah!!!
Vem comigo
Vamos queimar pessoas
Gargalhar dentro de igrejas
Foder feito bichos no cio
Nos cultos religiosos
Vamos causar nojo
Com nossa liberdade
Porquê somos nós
Que decidimos
Nossas vidas.


Reverendo Felix Fausto - 29/08/2016

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Oráculo

        Resultado de imagem para bruxa

Ela vivia num recanto da montanha onde os mais corajosos guerreiros evitavam ir.
        Somente aqueles que ansiavam por respostas ousavam ir até a velha cabana feita de troncos e pedras, com seus corações acossados pelo medo, mas suas mentes cheias de dúvidas, eles seguiam por caminhos perigosos repletos de lobos e outras criaturas medonhas.
         Ninguém sabia o seu nome e ela era chamada de A Dama Da Montanha,ou Oráculo.
         Tinha longos cabelos negros, tão negros que pareciam engolir a luz.  Fenômeno que realçava sua palidez de lua alta e cheia.
         Seus lábios tinham um vermelho de sangue e nos olhos um verde indefinido, como poemas de amor inacabados.
         Certa vez um comerciante a consultou para saber da prosperidade dos seus negócios, nas vísceras de um pequeno roedor ela viu para ele riquezas ao custo de algo que lhe fosse caro.  O velho e gordo comerciante triplicou sua fortuna, num curto espaço de tempo, a fartura e a bonança eram frequentes nos seus dias.  Até que sua única neta, seu bem mais precioso afogou-se num rio.
          Um general de uniforme garboso, divisas e medalhas de ouro e prata, desejava saber sobre o êxito de suas campanhas.
        Subiu a montanha acompanhado de um poderoso exército, a rocha tremia sob a marcha dos cavalos e uma águia avisou a Oráculo da sua chegada.
         Ele entrou sozinho na cabana, a oráculo jogou um punhado de ossos pequenos num prato de madeira e disse:
        -Sob o aço de sua espada, vidas serão ceifadas, há de conhecer a glória e seu nome será imortalizado.
         O garboso general dizimou os inimigos e trouxe ouro, prata e escravos como espólios de guerra, morreu de uma febre misteriosa, nos últimos instantes viu o rosto de cada uma das suas vítimas.
         Uma noite ela viu sinais, uma aurora boreal sobrenatural e os espíritos da montanha a convocaram.  Ela sumiu, mas ainda se ouve sua voz nos ventos, seu toque é sentido nos rios, nas pedras
         E na madeira das árvores.


Reverendo Felix Fausto
                

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Unhas e dentes

Sempre depois da tempestade
Daquela fúria passional
Do quebrar dos pratos
Que ela mostra
Seu amor
No rítimo daquelas ancas
Na pegada daquelas unhas
Na força daqueles dentes
No doce daquela boca
Que ela mostra seu amor



Reverendo Felix Fausto - 27/08/2016

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Vai Passar...

Quando você estiver sozinho
E dificil for o caminho
Não importa a sua dor
E quão longe estiver o amor
E se não for derrota
A vida lhe dá na melhor situação
Um empate
Então se mate
Então se mate
Seja uma boa pessoa
Sempra haverá uma lagoa
Para nadar com sapatos de cimento
Você fica muito bem de preto
Com um gole de cianureto
Todo mundo te atacando
O seu melhor
Não é o suficiente
E você nada sempre
Contra a corrente
E a vida só lhe bate
Então se mate
Então se mate
Pule no fundo do poço
Aperte essa corda no pescoço
Aceite a sua sina
Tome um banho de gasolina
E fume seu último cigarro

Reverendo Felix Fausto

Rebelde desde 67

Andando despreocupadamente
Despreocupando a mente
Com as mãos nos bolsos
E o sol no rosto
Meu bemzinho
Está insegura
Ela diz que eu sou a cura
Para toda a solidão
Sou um rebelde entediado
Desde 1967
A as vezes eu me sinto
Como um chiclete mascado
Cuspido, isolado
Por favor não me guarde numa caixa
Não sufoque o meu coração
Ando tanto na beira do abismo
Que já não temo mais caír
Sou um rebelde entediado
Sou assim desde 1967
Não fui criado
Para ser guardado como um tesouro
Nem prata, nem ouro
Podem pagar meus sonhos e esperanças
Ainda sou uma criança
Se recusando a crescer
Sou um rebelde entediado
Desde 1967.

Reverendo Felix Fausto

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Sem-Teto

    Não havia passado um mês até eu tomar conhecimento da existência deles.
    Desse casal de sem-tetos.Ela era pequena tipo aquelas gordinhas vaidosas e ele magro e alto com cara de malandro.
    Eles "moravam" numa escadaria em frente a um prédio abandonado. Haviam feito alí um simulacro de lar. Dava pra entender onde era a cozinha, o quarto e a sala.
    Num canto mais extremo debaixo da marquise, uns tijolos com uma velha grelha era o fogão, as refeições eram cozidas com o que eles conseguiam na rua. A sala era na escadaria, logo nos primeiros degraus, tinham umas almofadas velhas e recebiam eventualmente outros moradores de rua. Cachaça sempre tinha e as reuniões eram animadas.
    Um colchão de casal demarcava o quarto. Tinham uns cobertores vermelhos e uns travesseiros.
    Algumas vezes os ví fazendo amor. Assim despudoradamente para quem quisesse vê-los em pleno ato. Tinham o cuidado de se cobrirem com as cobertas, mas quando a menina se empolgava, e isso acontecia sempre, seus corpos ficavam descobertos, naquele cavalgar estérico de prazer e luxúria.
       Os cabelos em desalinho, a bunda subindo e descendo, unhas rasgando a carne e os espasmos do corpo pequeno.
       Ficavam deitados ali, abraçados e satisfeitos. Às vezes ela se levantava nua se ajeitando, era bonita até para o tanto que a vida na rua a judiava.
       Outras vezes eles brigavam. Ela sempre avançava para cima dele com uma ferocidade animalesca.
        Mas logo faziam as pazes.
        Eles não tinham um teto, mas tinham amor.


Reverendo Felix Fausto
          
                   

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Punheta

     Ver aqueles dedos melados no próprio gozo, quebraram minhas últimas defesas.
     Bem mandado, como um bom garotinho, eu lamberia aqueles dedos experientes sorvendo o néctar do seu prazer solitário.  Ela fazia seus jogos de gata e rato, e meu coração apaixonado era um prato cheio para ela.
     Punheta, escrever para ela estava se tornando um ato masturbatório!!!
     Fato, que eu não contestava.Ela me trazia pela mão e, me conduzia para os cantos mais obscuros do desejo dela.
      Ela regia a sinfonia sensual de cada olhar, cada conversa que tínhamos, cada gesto e respiração e eu experimentava de algo que era único.
       Tantas possibilidades, era em mim que ela pensava, toda a vez que afundava os dedos naquela buceta molhada?
        Desesperadamente, naquela buceta molhada e quente, a flor que eu queria cheirar, a fonte de onde eu ansiava beber, e ela gozaria, se desligando de tudo numa morte íntima e úmida.
      Jamais saberei.



Reverendo Felix Fausto

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Risco

Vale o risco
O resgate de um rei
As consequências
Sonhos despedaçados
Vale o sangue que se derramar
A ofença aos deuses
A punição e a redenção
Vale amizades desfeitas
A obsessão
Que tua imagem representa
Vale o fim de um ciclo
E o começo do fim
Morrer de amor
Nos teus braços
Me viciar nesse beijo
Vale,vale sim.

Reverendo Felix Fausto

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

E Se...

E se fosse
Uma foto
Com as calcinhas nos tornozelos
E se fosse
Teu estalar de dedos
A tua convocação
Para espantar
Meus medos
E se fosse uma jura
De amor eterno
E se fosse a cura
Que eu tanto preciso
A malícia
No teu sorriso
E se fosse
Um convite
Para a foda  mais gostosa
Da minha vida
E se fosse...

Reverendo Felix Fausto

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

O Vigia parte IX

A chuva caía estrondosamente, talvez em algum lugar alguém estivesse construíndo uma outra arca, porque parecia um dilúvio.
                        Balthazar parecia cansado e incrivelmente velho.Ao falar próximo ao rosto de Felix, ele pode sentir o hálito que exalava uisque.
-Ela não era desse jeito...Não era, voltou assim depois de uma viagem à Inglaterra.-Disse Balthazar,e continuou:
-Foram semanas indo a diversos médicos, diagnósticos inúteis, até que ela não conseguia mais saír durante o dia.Daí entendemos tudo.
                          Uma trovoada ensurdecedora fez as paredes da guarita tremerem.
-Vocês enlouqueceram?Manter uma pessoa nesse estado de maldição, é crueldade!-Disse Felix tentando entender aquilo tudo.
                      Balthazar levantou da cadeira e foi até a janela, lá fora a natureza destilava sua revolta.
-Não importa,você nunca íria entender, ela é a minha criança.-Disse ele sem olhar para Felix.
                              Tolledo tirou um pequeno canivete do bolso.
-Crispim, tu e o Oliveira vão lá abrir o barracão.-Ordenou Tolledo.
      Os homens saíram noite adentro, Felix estava inquieto sentia que sua morte era certa.
                              Então ouviu-se disparos, gritos, e por fim um silêncio.
                     Todos se olharam atônitos.Então algo foi arremessado para dentro da guarita através do vidro da janela.Todos se proteger dos estilhaços de vidro.
                       Algo rolou até os pés de Felix,apavorado ele viu que era a cabeça de Crispim.

Continua...

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Cocô

"Ela comeu cocô quando era pequena."

Diabo De Mulher

Toda olhares
Toda boca
Toda gostosa
Diabo de mulher
Ela apaixona infernizando
Como não querer morrer de raiva
Beijando aquela boca,
Se perdendo naqueles olhos
Cada vez que ela me toca
Um arrepio,
Um frio na espinha
Aquele perfume
Sempre antes dela
Anunciando minha perdição
Diabo de mulher
Sabe dos meus pontos fracos
Faz dengo
Manha
E me ganha
Diabo de mulher.

Reverendo Felix Fausto

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Drama Queen

Às segundas ela acorda assim
Drama Queen
Um furacão de emotividade
Deusa da bipolaridade
Pobre de mim
Então ela briga
Descobre mil entrigas
De todas as minhas putas
Eu explico,
Ela não escuta
Que é ela que amo e pronto
Meio tonto,
Só quero minha paz
Ela faz todo um drama,
Vamos acabar na cama
Pode acreditar
É assim que ela faz.

Reverendo Felix Fausto

sábado, 10 de agosto de 2019

O Vigia parte VIII

O tempo havia mudado inexplicavelmente, nuvens negras de chuva tomaram conta do céu.Uma tempestade se aproximava e parecia que estava anoitecendo mais cedo.Sil e Felix seguiam rumo à casa.
-Acho que ela é uma vampira.-Disse Felix sem olhar para Sil.O carro seguia numa velocidade constante.Sil olhou um momento para Felix e perguntou:
-Estacas,será que teremos de fazer estacas de madeira?-
-Não sei se isso é coisa só de filmes,de qualquer forma meu plano é queimar aquele lugar até os alicerces.Queimar e caír fora daqui!-Respondeu Felix.
                   
                       Tudo então aconteceu muito rápido.Saindo de uma estradinha lateral o jipe do Tolledo atingiu-os com violência.Sil perdeu o controle do carro que capotou duas vezes, o carro estava virado, destruído e eles presos aos cintos de segurança.
De cabeça para baixo e totalmente atordoado Felix viu que Sil estava desacordada.
Passos e vozes de homens se aproximando.
-E ela?-Alguém perguntou.
-Deve ter morrido, deixa ela aí!-Era a voz de Tolledo.Felix gemeu de dor ao ser retirado de dentro do carro sem o menor cuidado.
Foi puxado através da janela quebrada do carro.Sangrava muito, estava com um corte profundo perto da orelha esquerda.
Antes de desmaiar percebeu que Tolledo estava acompanhado de mais três sujeitos.
Jogaram-no dentro do jipe como se fosse um saco de batatas.
                          Felix foi acordado com um balde de água fria no rosto.Estava amarrado à uma cadeira, reconhecera de imediato o lugar onde estava.
                            Era a guarita.Tolledo estava sentado à sua frente e logo atrás dele  estavam os outros sujeitos.Sentia muita dor,a água fria empossava sob seus pés, suja de sangue.
-Que merda Felix,tu tinha que estragar tudo?-Perguntou ele que segurava uma arma,com a consciência retornando aos poucos só agora ele havia percebido isso.
-Vai pro inferno!!!Que coisa é aquela presa no barracão???-Ao falar Felix sentiu os dentes que pareciam estar soltos dentro da sua boca.
-Não interessa,tu só tinha era que fazer o que foi pedido, só isso.Agora temos esse problema todo, com mais gente envolvida.
                        Lá fora uma chuva torrencial desabava, e Felix pensou em Sil, lembrou dela pendurada como um estranho pingente de cabeça para baixo dentro do carro.
                          Nesse momento Balthazar entra na guarita,seus sapatos estavam sujos de lama.Ao abrir a porta um relâmpago pareceu dar certa dramaticidade à sua entrada.
-Aquela "coisa" se chama Josi...É a minha filha.-Disse Balthazar,Tolledo levantou-se e Balthazar sentou na cadeira onde ele estava.
-Meu bebê nem sempre foi daquele jeito, você não entenderia o que um pai é capaz de fazer por uma filha...

Continua...

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Inevitável

Ela é o meu sorriso
Quando penso em algo bom
Um brilho nos olhos
É o que me tira
Do tom,
Ela é o perfume
Que fica
A lembrança mais doce
O alívio imediato
A paixão no ato
Na troca de olhar
Ela é o tempo vagaroso
Um beijo gostoso
Que adoro provar
Ela é um anjo adoravel
O inevitável
Destino do amor.

Reverendo Felix Fausto

O Vigia parte VII

Sil e Felix olharam para a frondosa árvore na frente da casa, janela ampla propiciava isso, perceberam que um galho num ponto mais baixo havia sido serrado.
Sil sentiu um arrepio, provavelmente era o galho onde Luís tinha se enforcado.
E Cabral continuou:
-Meu irmão tirou a própria vida.Eu sei que algo de muito estranho acontece naquele lugar.
Cabral levantou-se e foi até a cozinha,e voltou trazendo uma garrafa térmica com café, três xícaras e uma pasta preta de couro.
Na pasta haviam vários recortes de jornais de diferentes datas.
As matérias relatavam desaparecimentos misteriosos, e mortes em situações suspeitas.
Apontou com o dedo uma das matérias,o recorte estava amarelado e via-se a foto de um menino sorridente, de uns cinco anos talvez.
-Até crianças...Crianças!!!-Disse.
Felix recordou do pequeno sapatinho que encontrou sujo de sangue, próximo ao barracão.
Sentiram-se desconfortáveis.Muita coisa começava a fazer sentido naquela loucura toda.
Beberam um pouco de café e ficaram em silêncio.
-Balthazar é um sujeito poderoso aqui na região,o caso do meu irmão ficou por suícidio mesmo.Fui aconselhado a deixar tudo como estava, Balthazar pagou as despesas com o funeral, mesmo eu dizendo que não queria.
Ficaram mais um tempo  em silêncio.
-Bom,alguma coisa tem de ser feita sobre isso.-Disse Felix e concluindo:
-Tem uma mulher presa naquele barracão,sou pago para soltar ela todas as noites,eu acho que é ela que faz essas coisas todas.
Felix achou melhor não falar do caráter sobrenatural da situação.Sil olhou para ele e perguntou:
-Como assim,uma mulher presa?
-Droga, eu acho que é ela que está matando essas pessoas.
Era urgente que algo fosse feito a respeito dos acontecimentos.
Felix perguntou para o Cabral sobre armas, se ele tinha alguma.Cabral trouxe um revolver carregado e munição.
Sil disse que tinha uma arma no carro.
-Quero ir junto!-Disse Cabral.
-Olha,Sil e eu podemos dar conta de tudo, fica por aqui mesmo.Tu já perdeu muito nessa história toda.
Felix e sil despediram-se de Cabral e foram embora.
Pararam num posto de gasolina e abasteceram, Felix comprou dois galões extras de gasolina, lembrou de algumas garrafas vazias na guarita.
O dia corria e logo chegaria a noite.

Continua...

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Só Os Malucos São Felizes

Tenho inveja de gente doida, tenho, tenho mesmo.São irritantemente felizes com o pouco que tem, auto-suficientes com a realidade onde escolheram viver, e lá são plenos.
São Napoleões, super heróis e o que eles quizerem ser.
É muito legal!!!
E é simples, tudo o que é simples é genial.
Invejo esse despreendimento deles, o descompromisso com tudo o que estabelecemos como normal, normal deveria ser a felicidade de qualquer forma que ela se apresentasse.
Mas não, temos o dom de complicar tudo!!!
Felizes são os doidos!!!

Reverendo Felix Fausto

Suicídio

Viver as vezes é um exercício cansativo, enfadonho e extremamente solitário.
E procurar sentido nisso tudo nem sempre ajuda.Sempre desconfiei de pessoas felizes e resolvidas,duvido que num determinado momento do dia, essas pessoas não percebam o horror e a estupidez disso tudo.
Parece que o sentido de tudo é "ter" e não "ser".
Centrar a nossa felicidade em coisas que não precisamos e nem sabemos se queremos ter.
Não gosto de me sentir sufocado, e sempre tem alguém tentando me dizer o que fazer, e como eu deveria ser.
Uma vez confesso que pensei em me matar.
Mas acho isso de uma covardia e um egoísmo sem tamanho.Posso ser egoísta algumas vezes, mas não covarde.
Descartei a facilidade dessa fuga,fui feito para ver morrer, ou matar.
Mas jamais tirar minha própria vida.

Reverendo Felix Fausto

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Agosto

Não quero nutrir superstições com relação ao mês de agosto.
Mês do azar, cachorro louco, bruxa solta e todo o tipo de presságios ruíns.
Sempre foi um mês igual à todos os outros foi que eu sempre achei.
Mas confesso que começou meio estranho!!!
Sonhos, incidentes e a certeza de que devo voar baixo, escapar dos radares da inveja e mau agouro.
Mas não temo por mim, fico preocupado com as pessoas que eu amo, ou gosto.
Sempre tive alguém, algo ou, uma força zelando por mim.
Satã, Deus ou, lá sei eu o quê!!!
Mas nunca em desamparo.

Reverendo Felix Fausto

terça-feira, 6 de agosto de 2019

O Vigia parte VI

 Trancado na guarita, Felix não havia dormido.
 Ficou sentado na cama e quando cochilava, abria os olhos assustado. Não queria dormir. Tudo em que acreditava havia sido posto em cheque com o incidente da noite anterior. Teria de estar aberto para a possibilidade da existência de lobisomens, zumbis e bruxas e toda uma variedade de criaturas fantásticas.
 Assim que o sol despontou no céu ele saiu e trancou a porta. Fechou ela apressadamente receando que um braço branco o puxasse lá para dentro. Pensou em ligar para o Tolledo e dizer que não queria mais o trabalho.
 -O desgraçado do Tolledo sabe dessa coisa.-Disse em voz alta enquanto se afastava da porta. Ficou na dúvida sobre o que Balthazar e Tolledo fizessem, caso soubessem que ele tinha conhecimento da coisa lá dentro. Lembrou-se do que Sil havia dito,sobre as histórias naquele lugar. Ele tinha o número do telefone dela. Resolveu ligar. Demorou um tempo até que ela atendesse.
 -Oi,quem??? -Perguntou a voz do outro lado.
 -Sou eu, Sil, o Felix.
 -Ah,sim! Como tu está?
 -Hummm,bem...Estou bem. Mas preciso muito falar contigo.
 -Hoje?
 -O mais rápido possivel!
 -Bom,vou aí pra gente conversar.-Ela respondeu.
 -Acho que aqui não seria o lugar ideal. Mas se tu puder vir me buscar?
 -Claro,parece urgente.Tá tudo bem mesmo?-Ela perguntou.
 -Por enquanto sim. Venha por favor.-Felix desligou o telefone.
 Quarenta minutos depois, Sil chegava num carro preto. Sil beijou-lhe o rosto, ela usava um óculos de sol. Seus cabelos estavam presos com uma bandana vermelha.
 -Tem um bar há alguns quilômetros daqui, podemos ir pra lá.-Disse ela.
 -Claro,perfeito. -Felix respondeu.
 Entraram no carro e saíram. Ela dirigia bem,o jeans justo e surrado estava rasgado nos joelhos.
 -Tu falou sobre histórias referentes ao lugar onde eu trabalho?
 -Sim,mas não sei se a maioria merece algum crédito.-Respondeu ela,e prosseguiu: -Esse povo daqui é supersticioso,ou ignorantes mesmo. Mas falam de desaparecimentos que ocorrem aqui há uns vinte anos. Sei que o Balthazar tem envolvimento com gente barra pesada, acho que ele usa aquele lugar pra sumir com seus desafetos.
 -Sim,Tolledo eu sei que é um cara perigoso.-Falou Felix.
 Queria contar para ela o que havia acontecido,mas sabia que ela acharia ele louco.
 -Mas...Já te falaram sobre algo...Hummm, não natural que aconteça naquele lugar?
 Felix estava tentando ser o mais sútil possivel. Ela o encarou e tirou os óculos com uma das mãos,a outra continuava firme no volante.
 -Não vamos pro bar,vou te apresentar uma pessoa. Acho que sei do que tu está falando. Estou aqui na cidade um pouco mais de seis meses, tenho um cliente, o Cabral...É gente boa,mas tem uma história interessante sobre aquele lugar. Acho que tu vai gostar de conhecer ele.
 Ela desviou o carro por uma estrada secundária e vinte minutos depois chegaram à uma casinha de madeira muito bem cuidada. Havia um jardim florido na frente,estacionaram e desceram do carro.
 Passaram por um portãozinho de ferro e foram recebidos na casa por um sujeito robusto e grisalho. Cumprimentaram-se e entraram na casa. Era um lugar limpo e aconchegante.
 -Cabral, o Felix trabalha no sítio do Balthazar.- Falou Sil. Estavam sentados num pequeno sofá, Cabral estava de pé.
 -Sil me disse que tu poderia ter informações sobre aquele lugar. Disse Felix.
 Cabral puxou uma cadeira e sentou diante deles.
  -Aquele lugar é maldito,maldito!!! - Disse e começou a contar uma história que Felix sentia que ele já a havia contado muitas vezes:
  -Meu irmão se chamava Luis e ele foi chamado para um trabalho lá, pequenas reformas era o que ele fazia. Um valor obsceno de tão alto foi oferecido pra ele pelos serviços, é claro que ele aceitou. Trabalhou durante uma semana e um dia chegou transtornado, dizendo que o que tinha visto lá não era normal, era uma aberração e não entendia como deus todo poderoso permitia a existência de tal coisa.
 Sua voz estava trêmula e ele esfregava as mãos o tempo todo. E seguiu com sua narração:
  -Luís estava há uns quinze anos afastado da bebida. Mas naquela noite tomou o maior porre da sua vida,e se enforcou nessa árvore aí da frente!!!

 Continua...

O Vigia parte V

 Horas se passaram e Felix não conseguia sair da cadeira em frente a porta. Simplesmente não conseguia.
 Lá fora na noite fria e escura algo o espreitava. Sentia-se como um dos porquinhos da história, lá fora estava o lobo mau,pelo menos essa era a casinha que ele não conseguiria soprar! Claro que o medo que ele sentia era algo concreto,e por mais forte que fosse esse medo ele sentiu que algo precisava ser feito.
 Levantou da cadeira e vasculhou na gaveta do balcão da pia algo que pudesse usar como arma. Achou uma afiada faca de cortar carne e também uma lanterna. Testou a lanterna,e ela estava funcionando, ficou satisfeito, suspirou fundo, abriu a porta da guarita e saiu.
 A lua cheia recebeu-o majestosa no céu,as copas das árvores dançavam ao sabor dos ventos, projetando sombras fantasmagóricas nas paredes da guarita. Caminhou na direção do barracão, a porta aberta dava a impressão de ser a bocarra escancarada de uma criatura gigantesca, lá dentro, a escuridão era como algo vivo. Segurou a faca com firmeza em uma das mãos,ligou a lanterna e entrou. Lá dentro a temperatura era bem menor que lá fora.Parecia um túmulo e o cheiro era como o de um túmulo.
 A luz da lanterna iluminou um pequeno catre,uma confusão de cobertas e roupas espalhadas no chão de pedra. Eram roupas distintas umas das outras,de tamanhos e modelos diferentes.Haviam muitos livros também. Chamaram-lhe a atenção as manchas escuras nas paredes, Felix se aproximou e tocou as manchas que estavam secas. Era sangue. Sentiu como se uma mão descarnada lhe tivesse roçado um dedo na nuca.
 Saiu do barracão que parecia o ninho de um animal selvagem. Foi então que ele viu a mulher da foto. O vestido branco era comprido e de alças, totalmente inapropriado para o frio que estava fazendo. Ela estava descalça e o frio parecia não incomodá-la. Tinha os cabelos negros e sua pele era tão pálida como a lua no céu. O vento soprou o vestido que colou em seu corpo, revelando suas formas.
 "Ela tinha a beleza terrível de mil exércitos em marcha." Lembrou de ter lido isso em algum lugar.   Desceu um pouco a luz da lanterna e viu que os pés dela não tocavam o chão. Não tocavam o chão!!!
 Felix queria fugir,mas também queria ir em direção à ela e declarar todo o seu amor,sentiu-se tomado de desejo e luxúria, faria amor com ela ali mesmo. Mas também percebeu que esses pensamentos não eram dele, a mulher com o rosto de alabastro estava de alguma forma dominando-o. Seus lábios eram de um vermelho muito vivo,em desacordo com sua pele branca e o negror daqueles cabelos. Os olhos,de um verde de morte e mistério. Ela sorriu. Revelando os pequenos caninos brancos e pontiagudos.
 E sumiu no céu noturno. Alçou vôo como uma ave elegante e mortal.
 Felix levou alguns segundos para se recuperar,e voltou correndo para dentro da guarita.

 Continua...

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Gato Doido

-Qual o teu nome gato???
-Meu nome é Legião,porque somos muitos!!!
 Achei que a castração fosse deixar o gato mais calmo como me disseram. Ledo engano, o gato ficou pior!!!
 Acho que quando estava sedado,uma legião de demônios ocuparam aquela carcaça fofinha e peluda!!! Está sempre mordendo algo,e pulando em cima de tudo que se movimente. Só sossega quando está lambendo as próprias bolas,e terminando isso,volta a sua rotina de caos e destruição.  Começo a achar que quando olha para nós,enxerga gigantescos camundongos,porque ele parte para o ataque mesmo!!!

domingo, 4 de agosto de 2019

O Vigia parte IV

Sim era o mesmo homem das fotos,Felix não tinha a menor dúvida disso.O terno que ele estava usando deveria custar muito dinheiro,sapatos italianos feitos à mão.
Tinha um sorriso amistoso,mas os olhos não passavam o mesmo efeito desse sorriso.
Ele não sorria com os olhos,esses tinham um brilho frio.
-O Tolledo me falou muito bem de você.-Disse ele apertando a mão de Felix vigorosamente.Era o inicio da tarde e estava frio.
-Espero estar cumprindo bem minhas tarefas.-Disse Felix
-E está,não faz perguntas,isso é essencial para o que queremos aqui.-Balthazar caminhou em direção à guarita,Felix e Tolledo o acompanharam.
Apesar da idade Balthazar era bem constituído fisicamente.Tinha um caminhar firme.
Entraram na guarita e sentaram-se junto a mesa.
-Preciso que você fique aqui mais uns dois meses,depois será substituído,mas tenho outros trabalhos pra você.
-Claro,faço o que for preciso.-disse Felix,Tolledo observava tudo em silêncio.
-Queria conhece-lo,gosto de estar próximo de quem trabalha para mim.-Balthazar falava encarando Felix,que não entendia o propósito dessa conversa.
Mas sentia que era crucial que não se fizesse perguntas,apenas aceitasse as incumbências que lhes eram dadas.
Balthazar e Tolledo foram embora.
Felix sentia que  algo muito estranho estava acontecendo.
O frio havia aumentado,isso fez com que ele lembrasse que tinha poucas roupas para um frio mais extremo.
A tarde passou rápido e logo chegou a hora de abrir a porta do barracão.
O vento assoviava e as copas das árvores balançavam sem parar.
Escancarou a porta e ficou de pé diante dela.
Ficou olhando aquela escuridão abissal.
Tentou fazer com que seus olhos se acostumassem com ela,na esperança de enchergar algo.
Os pêlos do seu braço arrepiaram,sentiu um medo quase ancestral,algo se moveu lá dentro.
Correu para a guarita sem olhar para trás,trancou-se lá dentro e sentou numa cadeira de frente para a porta.
Algo rosnou lá fora.
Lembrou-se de um episódio quando ainda estava na prisão.
A cela de número 23 que apesar dos problemas de superlotação da instituíção,aquela cela estava sempre vazia.
Detento algum gostava de ficar lá.
Diziam que a cela 23 dava azar,alguns diziam que era assombrada.
Na cela 23 um detento havia cometido suícidio.Um cortara os próprios pulsos à mordidas.
Felix certa vez havia sido convocado para limpar a cela 23,sentiu nesse dia,o mesmo medo que estava sentindo agora.
Era cético com relação a uma porção de coisas,mas mantinha a mente aberta para o sobrenatural.
Pensou em abrir a porta e sair lá fora.
Mas estava paralizado de medo.
A coisa rosnou novamente...

Continua...

sábado, 3 de agosto de 2019

O Vigia parte III

Duas semanas haviam se passado e a rotina de Felix parecia não mudar.
Fazia longas caminhadas nas proximidades,algo o incomodava.
Os detalhes,encontrava sutís sinais de que algo muito errado estava acontecendo.
Um sapatinho de bebê sujo de sangue,outra vez achou uma prótese dentária,uma camisa aos farrapos também suja de sangue.
Um dia encostou a cabeça na parede do barracão,na esperança de ouvir algo.
Não ouviu,mas sentiu uma vibração vinda de dentro.
Rodear aquele barracão,era como estar rodeando uma carcaça monstruosa,tinha cheiro de morte,um mal agouro.
Num outro dia Felix havia entrado na casa principal.
Ligou as luzes revelando móveis muito antigos,mas muito bem conservados.
As janelas eram amplas,mas estavam fechadas.Numa cristaleira de carvalho haviam algumas fotos.
Em todas a figura em destaque era uma jovem mulher muito bonita,de cabelos negros e olhos claros.
Nas fotos havia um homem com ela,estava em todas as fotos,em épocas distintas.Algumas talvez com uma diferença de até dez anos entre elas.
O homem aparecia mais velho,menos a jovem.
Nas fotos mudavam as roupas de acordo com a tendência da moda,o corte de cabelo do homem,os sinais da idade,mas a mulher não.
Para ela o tempo parecia ter estagnado.
Continuava linda!!!
Felix saiu da casa um tanto espantado,o que era aquilo?
Perguntou aos seus botões.
Naquela tarde Tolledo voltou com um homem,um sujeito bem vestido,era velho e aparentava estar na casa dos setenta anos de idade.
Tolledo disse que era o dono do lugar,e empregador deles.Chamava-se Balthazar.
Felix sentiu um aperto no peito,Balthazar era o homem das fotos!!!

Continua...

O Vigia parte II

Assim que percebeu os primeiros raios de sol Felix saiu da guarita e foi fechar o barracão.
O chão ainda estava enlameado com a chuvarada da noite anterior.
Sua cabeça doía,foram várias cervejas até conseguir dormir.Aquela sensação de que algo o espreitava fora da guarita ainda o incomodava.
Trancou a porta sem olhar para dentro do barracão,não conseguiria,mesmo se quizesse.
Mas olhou para o chão barrento e duas coisas o incomodaram;viu somente as próprias pegadas,indo e agora voltando,seja o que for,que estivesse lá dentro saiu flutuando.
E achou uma armação de óculos quebrada.Coisa que não estava por ali ontem,ele tinha certeza absoluta disso.
Afastou esses pensamentos.
Voltou para a guarita,tomou um refrigerante e comeu uma torrada.
Por volta das 11:00 da manhã Tolledo voltou,e não estava sozinho.
Felix viu uma jovem loira sair do jipe com ele.Era bonita,vestia uma saia jeans muito curta,e um top vermelho.
-Como foi  a noite?-Perguntou Tolledo,a loira sorriu cumprimentando-o.Seus cabelos eram quase transparentes com a luz do sol batendo neles.
-Tranquila.-Respondeu Felix
-Essa é a Sil,uma amiga.
-Oi Sil!
-Oi Felix!
Dada as apresentações Tolledo segurou Felix pelo braço e o afastou de Sil,falou baixinho no ouvido dele:
-Cara,cinco anos em cana.Sei que tu vai querer um pouco de diversão,volto às 15:00 pra buscar ela.
Sil olhou para ele e sorriu de um jeito atrevido.
Retiraram alguns mantimentos do jipe e Tolledo foi embora,deixando Sil e Felix sozinhos.
-Tolledo me disse que tu esteve "guardado"?-Perguntou ela.Ambos estavan dentro da guarita já,Felix retirava os mantimentos das caixas,vieram mais cervejas.
-Sim,cinco anos.Isso te incomoda?-Ela era linda.
-Gosto de bad boys,tenho o que chamam de "dedo podre"!
Ela se aproximou e sem maior cerimônia deu-lhe um beijo.Seu hálito recendia à hortelã,beijava bem.
-Cinco anos,comeu algum cara na cadeia,ou foi comido?-Perguntou ela provocando.
-Um cara me chupou uma vez,se é isso o que tu quer saber,paguei o boquete com cigarros.Tenho cinco anos de porra guardado aqui pra ti.
Ela sorriu e foi se ajoelhando.Logo todo o seu pau estava na boca de Sil,ela era ótima,com certeza melhor que o cara da prisão.Sugava de um jeito barulhento,como ele gostava,descia molhado e subia secando.
Em seguida estavam nus na pequena cama.
Ela o fez gozar várias vezes,e vice-versa.
Fizeram como animais,com desejo e um certo desespero.
Ficaram deitados na cama,abraçados.
O cabelo dela era perfumado.
-Tu não tem medo de ficar aqui?-Ela peeguntou.O azul dos seus olhos ganharam mais intensidade.
-Porque eu teria?-Ele respondeu com outra pergunta.
-Não sou dessa cidade,mas contam histórias sobre esse lugar,histórias ruíns.-Disse ela.Felix levantou deixando ela na cama.Trouxe uma lata de cerveja para cada um.
-Não sei de histórias.Mas não me importo,estou aqui para trabalhar.
-Tudo bem gostoso!Não vou te encher com isso,também estou aqui "trabalhando".-Disse ela.
Almoçamos,e o tempo passou rápido.Tolledo chegou e a levou embora.
Logo chegou a hora de abrir a porta.
Felix fez o que tinha para fazer e lamentou não ter uma arma.

Continua...

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

O Vigia

-olha só,o serviço é muito fácil.Tá vendo aquele barracão?-Perguntou Tolledo apontando para um barracão de madeira todo reforçado,não havia janelas,mas tinha uma pesada porta de ferro. -Todos os dias tu tens que abrir o barracão às 17:00,fazendo isso sai dali e vai pra tua guarita,fica por lá até o amanhecer.Não sai de lá,não importa o que tu ouvir aqui fora.Assim que o sol nascer tu fecha a porta,não olha pra dentro,fecha a porta e tira o resto do dia pra fazer o que quizer. Tolledo era o encarregado do lugar,e havia contratado Felix para esse trabalho,Felix era ex presidiário.Cumprira cinco anos de prisão por roubo,não era fácil conseguir trabalho com um curriculo desses,mas um amigo o havia indicado ao Tolledo,depois de uma breve entrevista,Tolledo havia levado ele de carro até o lugar. Um ermo,longe de tudo,muito fora dos limites da cidade. O lugar era constituído de uma casa muito grande,que não era usada. Mais afastada da casa,havia uma construção menor de alvenaria,com dois cômodos pequenos,um quarto e uma cozinha,era a guarita. Havia uma cama confortavel,a cozinha bem suprida,havia também uma pequena TV e um telefone. E num ponto mais afastado,o barracão. A guarita ficava entre a casa e o barracão. Mas estranhamente a guarita era para cuidar o barracão,e não a casa,como era de se supôr. Felix não fez mais perguntas,o pagamento era bom e ele teria muito tempo livre durante o dia. -Me deram boas recomendações tuas,acho que vamos nos dar bem.-Tolledo entregou para Felix as chaves da guarita e do barracão. -Ah,lá dentro tem um envelope com um adiantamento,tem cerveja e comida na geladeira.Não esqueça,abre o barracão às 17:00 e fecha assim que aparecer o sol.-Disse Tolledo. Despediu-se de Felix e foi embora no velho jipe que havia trazido eles. Ainda era cedo,Felix caminhou pelo lugar. Primeiro foi em direção a casa. Era uma casa grande,e bem construída,pintura descascando e o mato crescendo ao redor,não havia sinais de depredação. Passou direto pela guarita e foi até o barracão. Caminhou ao redor dele,não havia janelas mesmo.Era uma construção robusta,a porta de ferro era toda reforçada,sentiu-se incomodado. Lembrou que não havia comido nada. Entrou na guarita e vasculhou a geladeira,achou carne,preparou um bife acompanhado de fritas,comeu avidamente acompanhado de uma cerveja. Adormeceu olhando TV,acordou bem próximo às 17:00. Pegou as chaves e foi abrir o barracão. Estava frio,e a previsão do tempo falava em tempestade. Abriu a porta,um cheiro de mofo e morte saiu lá de dentro,Felix arrepiou-se todo novamente. Era escuro dentro do barracão,muito escuro.Saiu dali e foi para a guarita,como o combinado. Trancou-se lá dentro,fechou as janelas e deitou na cama,pegou um livro para ler. Ficou escuro muito rápido e na verdade ela não relaxava,passava os olhos pelas páginas sem nada lêr. Lá fora,uma tempestade se armava,sentiu que algo rondava a guarita,podia sentir isso.Algo vagava lá fora,sabe-se lá com que intenções. Sentiu um medo sem propósito,como se fosse um garotinho com medo do monstro do armário,só que o monstro estava fora do armário. Continua...

Vinho encorpado

 Mais velha, percebia-se que a natureza estava mais generosa com ela. Dando mais firmeza a aqueles peitos,tornando mais fartas e firmes aquelas carnes.
 Ela estava se tornando um vinho raro,desses que se bebe aos poucos.
 Tocar aquela pele aveludada,era sentir uma estática,uma eletricidade que começava pelas pontas dos meus dedos e terminava por tomar conta de todo o meu corpo.
 Ah,aqueles ombros!!! Apreciava cada vez mais as partes mais inusitadas daquele corpo,cada encaixe do corpo daquela mulher havia sido feita pra mim!!!


Reverendo Felix Fausto

Imediatismo -02/08/2016

A maioria dos caras enxergavam ali uma máquina de trepar,e talvez,até fosse mesmo.
As vezes prevalecia aquele imediatismo do prazer,o sexo faminto onde nomes dificilmente eram guardados,mas aquele corpo antes de tudo,era uma jaula aprisionando um espírito inquieto que as limitações da vida só faziam sofrer,clamando por uma liberdade que só viria através da aniquilação.

Reverendo Felix Fausto

Eu mudo - 02/08/2016

Num estalar de dedos
No sopro de uma brisa
Eu mudo
Aquela vontade de beijar
Pode virar uma cuspida
Aquela vontade de viver
Um desencanto
Com a vida
num piscar de olhos
Aquela serenidade
Zen-budista
Vira uma fúria
Jihadista
Entre um batimento
Cardíaco
Entre uma respiração
E outra
Eu mudo
Eu mudo

Reverendo Felix Fausto

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Teus Pés

Teus pés,
Pisoteando sonhos
Feitos para sapatinhos
De cristal
Teus pés,
Teus dedinhos
O tamanho exato
Para a minha boca
Teus pés,
Passeando numa estrada
Pavimentada com os corações partidos
Teus pezinhos lindos
Amassando corações
Como se fossem uvas
Tirando a inebriante seiva
Para fazer um vinho
Chamado paixão.

Reverendo Felix Fausto